No dia 17 de abril de 2015 eu escrevi este texto que traz o relato do meu parto. Ele está carregado de sentimento e amor. Por isso, compartilho com você aqui.

Enquanto amamentava meu primogênito hoje me peguei refletindo sobre esta pergunta: o que é a DOR?

Com certeza a resposta mudou muito desde o dia 10/04/15, quando dei à luz, de parto normal, àquele que me mostraria o verdadeiro sentido do AMOR. Um sentimento que de tão grande parece que não vai caber no peito, pois aumenta a cada dia.

Bom, mas o que a DOR tem a ver com tudo isso?

Tenho aprendido a superar a dor pelo AMOR. Hoje, enquanto sentia meus mamilos machucados e doloridos tive que amamentar meu filho, simplesmente porque meu leite é o melhor alimento para ele, e, quando fazemos a conexão olho a olho percebo a satisfação e alegria que ele sente nesse momento mágico. Pronto, agora só sinto alegria e amor, muito amor.

Há sete dias vivi o momento mais incrível da minha vida. No dia 09/04/15 às 16 horas meu corpo dava sinais de que Miguel estava pronto para vir ao mundo com 40 semanas e dois dias de gestação.

Após nove meses de preparação anunciava-se a chegada do grande dia.

As contrações iniciaram leves e foram aumentando, permaneci tranquila no conforto do meu lar, em companhia da minha querida mãe e depois do meu esposo até as 21 horas, quando fui ao encontro do meu obstetra no Hospital.

Cinco centímetros de dilatação, foi o grau de evolução do meu trabalho de parto ao chegar na maternidade.

Entre as caminhadas silenciosas naquela penumbra dos corredores do hospital e junto com as dores, que chegavam cada vez com mais intensidade, sentia que meu filho estava mais perto de ser acalentado em meus braços, meu esposo podia sentir junto comigo, dando-me todo apoio de que eu precisava.

Às três horas fui conduzida à sala de parto. As contrações continuavam aumentando a um nível muito elevado. Contudo, permaneci tranquila, pois tinha ao meu lado um profissional que desde a minha primeira consulta me fez acreditar que eu tinha tudo que precisava para trazer meu filho ao mundo.

Estava disponível a analgesia para alívio das dores e aumento do conforto, pela qual fiz a escolha.

Enfim, às seis da manhã senti que Miguel já estava posicionado para nascer, enquanto a sala era preparada senti uma força imensa. A cada força que fazia a dor aumentava, bem como minha ansiedade para que o final feliz chegasse logo.

E ele não demorou, logo ouvi meu esposo dizer “já estou vendo o cabelinho dele, amor (…) !!”

Nossa, só precisei de mais uma contração, uma respiração profunda e colocar toda a força que eu tinha naquele momento. Foi quando ouvi meu obstetra dizer: “- Venha, Luciana, receber seu filho”! Eu literalmente trouxe meu filho ao mundo.

Eu o recebi em minhas mãos e o conduzi até meu peito. Uma satisfação e felicidade plenas e indescritíveis tomaram conta do meu ser, minha vida estaria a partir daquele momento mudada para sempre.

Muita gente me pergunta sobre a dor que eu senti e hoje é muito difícil de descrever, sabe por quê? Simplesmente não consigo lembrar, sei que foi intenso, foi forte, mas agora só consigo pensar e lembrar o amor que eu senti.

Para quem diz que ter filho de parto normal é muita DOR pra ser sentida, hoje eu digo que é muito AMOR para deixar de ser vivido.

E para minhas amigas, colegas e conhecidas que me dizem que eu sou muito forte e corajosa eu digo que não tenho nada de diferente, não sou nem mais forte nem mais corajosa do que todas as mulheres que conheço.

Todas nós temos a capacidade de trazer nossos filhos ao mundo de parto normal. Não permitam que a sociedade, nem ninguém diga que você não é capaz, vamos dar essa oportunidade para nossos filhos e para nós mesmas.

Já se passaram mais de 3 anos desde que escrevi este texto e publiquei na minha página do facebook. Acabei fazendo um relato breve, acho que foi a pressa para ficar com meu bebê, hehehe. Mas acredito que foi suficiente para transmitir um pouco do que vivi.

A experiência do meu parto foi muito positiva. Em nenhum momento houve sofrimento nem cheguei a pensar que não conseguiria parir meu filho.

Eu pude perceber que existe uma grande diferença entre sentir dor e sofrer.

Como um processo natural, o parto normal é permeado por dor, desde as contrações que vão aumentando de intensidade, até a hora da passagem do bebê pelo canal de parto.

Entretanto, quando nos preparamos física e emocionalmente durante a gestação, quando permanecemos em um ambiente tranquilo e com pessoas e profissionais em quem confiamos, não existe sofrimento durante o trabalho de parto. O que existe é uma experiência muito prazerosa.

O meu parto aconteceu exatamente como planejei na época, exceto pela analgesia. E posso dizer que foi um dos momentos mais intensos, transformadores e felizes da minha vida.

Contudo, com as leituras e vivências de hoje eu planejo uma experiência diferente para meu próximo parto. (Sim, eu pretendo ter outro filho!)

Eu quero um parto ainda mais natural, de preferência em minha residência ou numa casa de parto, com a presença de uma doula e sem nenhum tratamento farmacológico para dor.

Aguardemos as cenas dos próximos capítulos…

Aproveito essa oportunidade para convidar você a pensar nesta possibilidade de dar a luz a seu filho de um parto natural. Amadureça essa ideia sem preconceitos e procure profissionais que possam lhe apoiar em sua decisão, seja ela qual for.

O mais importante de tudo é você decidir com segurança, tranquilidade e amor como deseja que seu filho chegue ao mundo.

Compartilhe esse artigo com outras pessoas que precisam tomar essa decisão. Assim você me ajuda a ajudá-las.

Um grande abraço! Nos vemos no próximo artigo.

Lu Pimentel

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